«There
is no book more important
to me than this one.»
Alice Walker.
Obra-prima
de Zora Neale Hurston (1891-1960) e uma das mais importantes obras da
literatura americana do século XX, publicada pela primeira vez em 1937, Their
Eyes Were Watching God conta
uma história de uma mulher negra que embarca numa longa viaja de
autodescoberta. Janie Crawford, aos dezasseis anos, é uma jovem desempoeirada obrigada
pela sua avó moribunda a casar com Logan Killicks, um homem mais velho e grosseiro,
que ela despreza e descarta na primeira oportunidade. Janie decide fugir com
Joe Starks, um homem citadino cheio de sonhos e projectos ambiciosos. Juntos
seguem para Eatonville. Ali, mal chegam, Joe conquista um lugar no coração do primeiro
condado negro em construção, tornando-se o seu primeiro presidente da Câmara
Municipal, chefe dos correios, lojista e proprietário de terras. A ambição pelo
poder torna frágil a relação deste casal. Com a morte de Joe, Janie liberta-se das
convenções matrimoniais. Ignorando as más-línguas de então, ela apaixona e
entrega-se de corpo e alma ao amor de um jovem trabalhador de espírito livre muito
mais novo do que ela. Tea Cake e Janie protagonizam esta emocionante história
de amor e de liberdade no Sul dos EUA, então marcado pelas leis segregacionista
e em plena luta pela afirmação das comunidades dominadas e marginalizadas. Através
do amor, Janie reencontra a paz interior que tanto procurava. A narrativa dessa
história muda da terceira pessoa para uma mistura de primeira e terceira pessoa,
desenvolvendo uma trama a partir da experiência das mulheres afro-americanas,
jovens e que prezam a sua individualidade contra os apelos moralistas de uma
comunidade dominada onde as mulheres são evidentemente as que mais sofrem de
todas as discriminações racistas e sexistas. Mas, longe de qualquer
vitimização, a história ganha pelo realismo e pelo conhecimento profundo da vivência
numa pequena comunidade, longe do asfalto e das luzes das grandes cidades americanas.
Tão bela é a história contada que a apresentadora Oprah Winfrey considera que
esta é a sua «história de amor favorita de todos os tempos», tendo, por isso,
optado por produzir um filme baseado neste romance e escolhendo como actriz
principal a bela Halle Berry.
A vida de uma escritora negra nos EUA
Zora, romancista e antropóloga, nasceu a 7 de Janeiro de
1891, em Alabama, tendo vivido em Eatonville, Florida, desde a sua infância. Foi
aluna de Franz Boas. Teve uma carreira de altos e baixos, durante mais de
trinta anos. Foi contemporânea de grandes escritores afro-americanos entre o período
do Harlem Renaissance e o fim da guerra da Correia. Toni Morrison
considera que «Zora Neale Hurston é uma das maiores escritoras do nosso tempo.»
Contudo, esta escritora foi silenciada depois do início dos anos cinquenta e
recuperada só no final dos anos setenta. E tornou-se uma referência da
literatura americana e uma pérola da comunidade negra.
Durante a vida dela, ela foi aclamada, teve glamour e uma vida louca, com amores e desamores. Porém, em 1945, vendo para o caso de muitos dos seus colegas negros e pressentindo que também ela iria morrer na miséria, decidiu persuadir W.E.B. Du Bois a comprar um terreno baldio na Florida para criar um cemitério de afro-americanos ilustres, a fim de não serem enterrados numa vala comum. Dizia ela, «temos de assumir essa responsabilidade, para que as suas sepulturas sejam conhecidas e honradas.» À primeira, W.E.B. Du Bois torceu o nariz, mas depois caiu na real e acabou aceitando. Pouco tempo depois, ela morreu e na miséria total, a 28 de Janeiro de1960, aos 69 anos. Teve um funeral miserável, que só não foi pior porque os seus vizinhos organizaram um peditório para custear as despesas mínimas, sem direito a uma pedra tumular. Foi enterrada numa sepultura cuja identificação aconteceu em 1973. Na altura, meados dos anos setenta, a então jovem escritora afro-americana Alice Walker (a autora de The Color Purple) fez uma longa viagem para colocar uma pedra tumular na sepultura de Zora, no cemitério segregacionista Garden of the Heavenly Rest, em Fort Pierce, Florida. Alice Walker encontrou o cemitério abandonado e cercado de cobras e ervas daninhas que lhe chegavam à cintura, numa rua sem saída. Depois, com os parcos recursos que ela tinha, conseguiu comprar uma pedra tumular (não aquela que ela pretendia), mas uma lápide cinzenta e simples, ornamentando com um epitáfio: «Zora Neale Hurston, Um Genio do Sul.» Depois desse gesto de Alice Walker e dela mesmo ter se inspirado no trabalho da escritora morta, Zora Neale Husrton tornou-se uma referência incontornável da literatura americana e feminista.
Durante a vida dela, ela foi aclamada, teve glamour e uma vida louca, com amores e desamores. Porém, em 1945, vendo para o caso de muitos dos seus colegas negros e pressentindo que também ela iria morrer na miséria, decidiu persuadir W.E.B. Du Bois a comprar um terreno baldio na Florida para criar um cemitério de afro-americanos ilustres, a fim de não serem enterrados numa vala comum. Dizia ela, «temos de assumir essa responsabilidade, para que as suas sepulturas sejam conhecidas e honradas.» À primeira, W.E.B. Du Bois torceu o nariz, mas depois caiu na real e acabou aceitando. Pouco tempo depois, ela morreu e na miséria total, a 28 de Janeiro de1960, aos 69 anos. Teve um funeral miserável, que só não foi pior porque os seus vizinhos organizaram um peditório para custear as despesas mínimas, sem direito a uma pedra tumular. Foi enterrada numa sepultura cuja identificação aconteceu em 1973. Na altura, meados dos anos setenta, a então jovem escritora afro-americana Alice Walker (a autora de The Color Purple) fez uma longa viagem para colocar uma pedra tumular na sepultura de Zora, no cemitério segregacionista Garden of the Heavenly Rest, em Fort Pierce, Florida. Alice Walker encontrou o cemitério abandonado e cercado de cobras e ervas daninhas que lhe chegavam à cintura, numa rua sem saída. Depois, com os parcos recursos que ela tinha, conseguiu comprar uma pedra tumular (não aquela que ela pretendia), mas uma lápide cinzenta e simples, ornamentando com um epitáfio: «Zora Neale Hurston, Um Genio do Sul.» Depois desse gesto de Alice Walker e dela mesmo ter se inspirado no trabalho da escritora morta, Zora Neale Husrton tornou-se uma referência incontornável da literatura americana e feminista.