13/11/12

Floris di Ibyago

                    MILHO

                        1
Luzentes pelo alento dos arranjos 
As covas da sementeira marcham
Para celebrar a terra molhada  
Que dilata a pequeneza dos grãos. 

Inocente não é o canto do lavrador:  
Inventa o molhado que não se tem
Luz o rumor do pau na boca do pilão
Esverdinha o sol que lambe a terra
E à sombra do balaio dorme o pão. 

                        2 
O milho é como um pássaro
Que voa dentro de nós a renúncia
Ao seu próprio ninho.
É como um barco que de manhã aporta
E à tarde devolve-se à longa jornada.

Fosse a ilha um barco
E o milho a bússola  
Outras rotas,
Outras viagens,
E outros destinos
Teriam as nossas manhãs.

                             (Dois poemas da coletânea por publicar - Terra Dilecta - de Kaka Barboza)