22/11/12


"Do bairro corcunda toscas marcas corpulentas"

Do bairro corcunda toscas marcas corpulentas
das águas – astros embebidos numa colher de chá
e da dura luminosidade da rua
passa a memória e passa tangente à planície
dos corpos maiúsculos Enquanto isto, o oceano
esmigalha no campo de futebol o diário frio do dinossauro
abatido à queima-roupa no espelho

Farejo a criança que cresce na crina dos galos
e os animais domésticos A infância areia no verdugo da porta
onde plantamos as fotografias e a inocência do miúdo
corroía no Monte Preto com os dedos de porcelana
ancorados no luar silencioso dos contos noturnos.   


Lisboa, Portugal