Não resisto a contar esta história. Então, corria o ano de 1986, quando a minha bisavó Mariá morreu. Tudo aconteceu em Paris e lá decorreu o tal funeral conforme manda a tradição. Dizem que, dias depois, a sua nora recém-casada com um dos meus tios-avôs jurou ter visto o finado da sogrinha em Somada na casa onde antes vivia. Para apaziguar as águas, o meu tio-avô, que não acreditou no relato da mulher, virou-se para ela e perguntou-lhe: «se a minha mãe morreu em Paris, diga-me afinal quem pagou a passagem dela já morta para vir-te chatear em Cabo Verde?»