19/12/12

Bruno e Shmuel – I


O quê é que um Pai não faz para fazer um filho se sentir importante? O meu me dizia que tinha que ser músico, quando eu estava interessado era em dar chutos na bola. Apesar de ter trocado esta hipótese pelos chutos, ser músico até hoje me parece uma coisa importante, uma das tantas coisas que fazem uma pessoa importante e que não consegui concretizar. Claro que para ser músico ele tinha que me mandar para a escola, E mandou-me para onde eu ia ser aluno do Luís Morais. Ao estado que vivo hoje, está claro que vacilei. Eu queria era os chutos e me chateavam as tretas do Tio Luís, em obrigar a nóis, os que jogavam a bola com tampa de garrafa ou semente de tambarina no pátio do liceu, apanhar no mínimo duas palmatorias  que depois de uma contagem manhenta se transformavam em dez, vinte ou trinta, consoante o estado de humor com que chegava a sala da Aulas do Liceu Jorge Barbosa. Depois parei com a ideia dos chutos, porque não ia dar certo, e entre vaciles e passos em diante, parece que ao menos algumas coisas vão dando certo, embora a maioria não tem dado.

Em Berlim do início dos Século vinte, a Mãe Nathalie, engavetava no imaginário do menino Ralf , o sonho de um soldado Alemão, que deveria prosperar na carreira e fazer sucesso. Ser soldado ficou na mente do menino como o significado da mais alta importância e distinção. Apostou as fichas todas na sua carreira e no seu caso deu certo. Inveja minha que na hora da sua consagração só pude ver a sua vaidade, no momento de olhar para o filho, se sentindo reconfortado com rectidão do uniforme  arrogância do desfile de estrelas ao ombro com que patenteava ao público babado que o recebera em aplausos e beijinhos no descer da escada para a festa comemorativa da sua promoção.

The boy in the striped pajamas, é no final das contas, um filme que me faz inveja, sobre um processo lento e impersetivel que é a história, embora este um capítulo nojento. Good Bye disse o músico quando o Bruno, que vinha correndo numa alegria inocente se deixou estatelar no chão. Falo do Bruno por ser o individuo central da história, aquela que irá encontrar o solitário Shmuel, do outro lado da história.

A despedida dele, o Bruno, foi uma espécie de carreira e lance obliquado dos seus olhos de boneca com raiva e saudade das brincadeiras com outros meninos, que no momento era incapaz de desprender naquela rua de Berlin. Bye-bye, roncar no pescoço fazendo-se de motores a gasóleo, asas de avião, ainda recebeu Bruno, estes tais mimos e carinhos dos seus pequenos amigos. Locomotiva, tangerinas, amor de mãe, vapor, fumo, mata, mapa, Alemanha da guerra nazi. Alemanha do Inocente, meu querido Bruno.

Os olhos de boneca do Bruno, não sei se ficaram encantados com a casa nova. Olhou para tudo ao seu redor como coisas que estavam desencontradas. O soldado chefe saio, outros menores ficaram rondando pela casa, esposa feliz, filha penteando as bonecas. O bruno não se comovia nem com os mimos, nem sorrisos tão gentis, carinhosos, divinos mesmo da mãe, aquela que olha para o filho como o herói que mandou da sua barriga ao mundo, mas espanta-lhe a racionalidade do menino dos dias da guerra. Meu Deus  com que tanto apares de olhar eu era capaz de encarar um soldado, como fez a esta hora da madrugada o bruno. E do mesmo relance enquadrou o outro lado, o lado do judeu, também meu querido, depois de interrogações infantis à querida, amada e linda mãe.

A casa para onde se transferiu em segredo era numa fazenda, onde ele constatou que os fazendeiros vestem pijamas  Mas meu Deus  como aquele menino não queria dar uma chance à casa nova, àquele lugar, fazendeiros de pijama, e o Pai pedindo com tanta solenidade, ao mesmo tempo que ao filho tentando justificar o emprego com a necessidade de um País se sobreviver à uma guerra.

Fazia asas de avião quando seus olhos de boneco encontraram com a porta de saída pela primeira vez. Sua primeira exploração foi interrompida pelos cuidados da Mãe. Mas estendia-lhe as asas, a petulância do professor, ao exigir-lhe a leitura do livro do começo perfeito. E no entanto pulou por uma janela. Era o meu bruno explorador…

Huff, fiquei cansado, e queria ver mais. O bruno dizendo maravilhas do seu mundo. O outro lado do mundo e da história, o triste, solitário, coração ausente, O Shmuel. Na verdade vivendo na sua pele o retrocesso da história… (Mais logo Há mais)

hahah, apresento-me. Sou da Burdeira e gosto de contar estórias de cinema em épocas de Natal. Por isso desejo, que comecemos um feliz Natal, neste lugarzinho lindo e tão gostoso. como alguém de génio, inventou chamar-------palmanhaempasargada.