O quê é que um Pai não faz para
fazer um filho se sentir importante? O meu me dizia que tinha que ser músico,
quando eu estava interessado era em dar chutos na bola. Apesar de ter trocado
esta hipótese pelos chutos, ser músico até hoje me parece uma coisa importante,
uma das tantas coisas que fazem uma pessoa importante e que não consegui concretizar.
Claro que para ser músico ele tinha que me mandar para a escola, E mandou-me para
onde eu ia ser aluno do Luís Morais. Ao estado que vivo hoje, está claro que
vacilei. Eu queria era os chutos e me chateavam as tretas do Tio Luís, em obrigar
a nóis, os que jogavam a bola com
tampa de garrafa ou semente de tambarina no pátio do liceu, apanhar no mínimo duas palmatorias que depois de uma contagem manhenta se transformavam em dez, vinte
ou trinta, consoante o estado de humor com que chegava a sala da Aulas do Liceu
Jorge Barbosa. Depois parei com a ideia dos chutos, porque não ia dar certo, e
entre vaciles e passos em diante, parece que ao menos algumas coisas vão dando
certo, embora a maioria não tem dado.
Em Berlim do início dos Século vinte,
a Mãe Nathalie, engavetava no imaginário do menino Ralf , o sonho de um soldado
Alemão, que deveria prosperar na carreira e fazer sucesso. Ser soldado ficou na
mente do menino como o significado da mais alta importância e distinção. Apostou
as fichas todas na sua carreira e no seu caso deu certo. Inveja minha que na hora
da sua consagração só pude ver a sua vaidade, no momento de olhar para o filho,
se sentindo reconfortado com rectidão do uniforme arrogância do desfile de
estrelas ao ombro com que patenteava ao público babado que o recebera em aplausos
e beijinhos no descer da escada para a festa comemorativa da sua promoção.
The boy in the striped pajamas, é no final das contas, um filme que
me faz inveja, sobre um processo lento e impersetivel que é a história, embora
este um capítulo nojento. Good Bye disse o músico quando o Bruno, que vinha
correndo numa alegria inocente se deixou estatelar no chão. Falo do Bruno por
ser o individuo central da história, aquela que irá encontrar o solitário
Shmuel, do outro lado da história.
A despedida dele, o Bruno, foi
uma espécie de carreira e lance obliquado dos seus olhos de boneca com raiva e
saudade das brincadeiras com outros meninos, que no momento era incapaz de desprender
naquela rua de Berlin. Bye-bye, roncar no pescoço fazendo-se de motores a
gasóleo, asas de avião, ainda recebeu Bruno, estes tais mimos e carinhos dos
seus pequenos amigos. Locomotiva, tangerinas, amor de mãe, vapor, fumo, mata, mapa,
Alemanha da guerra nazi. Alemanha do Inocente, meu querido Bruno.
Os olhos de boneca do Bruno, não
sei se ficaram encantados com a casa nova. Olhou para tudo ao seu redor como
coisas que estavam desencontradas. O soldado chefe saio, outros menores ficaram
rondando pela casa, esposa feliz, filha penteando as bonecas. O bruno não se comovia
nem com os mimos, nem sorrisos tão gentis, carinhosos, divinos mesmo da mãe, aquela
que olha para o filho como o herói que mandou da sua barriga ao mundo, mas
espanta-lhe a racionalidade do menino dos dias da guerra. Meu Deus com que tanto apares de olhar eu era capaz de encarar um soldado, como fez a esta hora da
madrugada o bruno. E do mesmo relance enquadrou o outro lado, o lado do judeu,
também meu querido, depois de interrogações infantis à querida, amada e linda
mãe.
A casa para onde se transferiu em
segredo era numa fazenda, onde ele constatou que os fazendeiros vestem pijamas
Mas meu Deus como aquele menino não queria dar uma chance à casa nova, àquele lugar,
fazendeiros de pijama, e o Pai pedindo com tanta solenidade, ao mesmo tempo que
ao filho tentando justificar o emprego com a necessidade de um País se
sobreviver à uma guerra.
Fazia asas de avião quando seus
olhos de boneco encontraram com a porta de saída pela primeira vez. Sua
primeira exploração foi interrompida pelos cuidados da Mãe. Mas estendia-lhe as
asas, a petulância do professor, ao exigir-lhe a leitura do livro do começo
perfeito. E no entanto pulou por uma janela. Era o meu bruno explorador…
Huff, fiquei cansado, e queria
ver mais. O bruno dizendo maravilhas do seu mundo. O outro lado do mundo e da história,
o triste, solitário, coração ausente, O Shmuel. Na verdade vivendo na sua pele
o retrocesso da história… (Mais logo Há mais)
hahah, apresento-me. Sou da
Burdeira e gosto de contar estórias de cinema em épocas de Natal. Por isso
desejo, que comecemos um feliz Natal,
neste lugarzinho lindo e tão gostoso. como alguém de génio, inventou chamar-------palmanhaempasargada.