A
minha invenção é um erro
anacrónico
de Deus esgotado
numa
espécie de bruma seca
Na
minha vida passa qualquer coisa
que
seja densamente intransponível
Eu
próprio: este operário de pedra vulcânica
de
instalação neurótica avariada
sem
qualquer ânimo respiratório
Um
organismo mecânico de pedra polida
protótipo
fotossintético pelos sinais do destino
Um
pedregulho excêntrico
mergulhado
de cabeça para baixo
Há
muito que não me revia neste relance
pouquíssimas
vezes inclino-me
para
perscrutar a crepitação do meu cadáver
obsoleto,
só para facilitar a vida.
Lisboa, Portugal