11/12/12

A Infância dos Bichos

Um frenesim de formigas vermelhas vieram salgar a língua na copa das árvores, as mães se dispuseram a partilhar as refeições com os os insectos do domicílio. Foi assim durante muitos anos no Liceu Domingos Ramos – o Copérnico [o bicho-carpinteiro que foi bisbilhotar a roupa interior do Sol e apanhou um susto de morte] não tinha a mínima noção de como circular e lamber os rebuçados dos olhos das fêmeas dos cavalos. Era no farol do Seminário S. José (ainda ontem lembrava-me o meu amigo), que as moças namoravam pela primeira vez, tinha mais graça se assim fosse, por que íamos pondo um pouco de veneno na boca do Deus-rei. O que era moda nas noites de lua cheia, nos idos anos oitenta, era forrar a capa dos cadernos quadriculados com os jornais, esconder os fantasmas nos estojos das meninas e o enterrar das moedas debaixo das pedras. A beleza estava em avistar as camisas amarelas das crianças da Ilha do Fogo no cimo do Monte Preto, no nosso quartel infantil sobravam sentinelas para vigiar os peixes no tanque.