Num punhado de vazio acorrentado
A esperança fértil e concomitante
Pingava nas veias daquele coitado
Enquanto fugia pela vida adiante
Vil estrada que animava o cansaço
Em dose de lágrimas amordaçadas
Numa mocidade fria e sem espaço
Repousavam as lamurias esgotadas
Espelho meu, amado espelho meu
Vejo em ti o eu que nunca existiu
Abraçado pelo amor que o esqueceu
Espelho meu, quem é que me mostras?
Sou a presença de quem sempre desistiu
Não há vida, aceitas as minhas apostas?