28/01/13

Espelho meu


Num punhado de vazio acorrentado
A esperança fértil e concomitante
Pingava nas veias daquele coitado
Enquanto fugia pela vida adiante

Vil estrada que animava o cansaço
Em dose de lágrimas amordaçadas
Numa mocidade fria e sem espaço
Repousavam as lamurias esgotadas

Espelho meu, amado espelho meu
Vejo em ti o eu que nunca existiu
Abraçado pelo amor que o esqueceu

Espelho meu, quem é que me mostras?
Sou a presença de quem sempre desistiu
Não há vida, aceitas as minhas apostas?