04/02/13

Os tubarões azuis

Somos aqueles que sobreviveram as duas fomes
A alma e retórica do batuque de Nha Nácia Gomes
Somos os órfãos de 20 de janeiro de 1973
Aqueles que outrora Ovidio Martins chamou os de flagelados do vento leste
Os resistentes que as cabras ensinaram a comer pedras
 O povo que inspirou Manuel De Novas a escrever a biografia dum criol
 Que Ildo Lobo imortalizou na sua voz
 O povo da agricultura da seca, à espera da chuva semeando ao sol
O povo que não tem medo de imigrar e começar tudo de novo
Mas sem nunca abandonar o sonho de regresso
Mesmo 4 gerações nascidas longe de casa continuam a falar crioulo
Somos Sodadi de Cabo verde que Armando Zeferino Soares escreveu
Cesária Évora cantou, o mundo emocionou e o crioulo chorou
 Somos a memoria colectiva de fome 47 que kode Di Dona cantou
Somos o grito de liberdade de 5 de julho que Abílio Duarte
 Leu na várzea no LOPI
Somos todos o Antonio Lopi do fundo baixo
Que Ferro gaita cantou
Somos a garra e euforia das 10 ilhas
A maravilha da costa africana
A alma e a vida das líricas de Norberto Tavares
Cabo Verde e diáspora somos os 23 convocados do Lucio Antunes
 Somos todos os 11 que hoje vão entrar em campo no estádio Nelson Mandela Bay em Porth Elisabeth.

Somos os tubarões azuis e seremos sempre tubarões azuis.

                                                                                                         Tubarão Azul Jakilson Pereira