14/10/14

O MEU NOME NA INFÂNCIA

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Jamais neguei que ainda choro
Os meus olhos vertem lágrimas
A minha infância? Chorei certamente
O que lembro dele leva a crer que sim!

Perdi e ganhei brinquedos eram poucos
Estudei o que as circunstâncias permitiram
Roto e quase nu andei vestido nas ruas
Eu só tinha sonhos de um dia ser um ser
Imaginei o futuro e vi nele sempre o presente
Raramente tive sapatos ou sandálias só pobreza
A fome não tinha, a Ilha era verde e cheia de frutos

Como chovia o dilúvio diariamente ou quase
O meu corpo tiritava de tanto molhado
Roxo de molhado e de falta de roupa
Raramente, repito, tinha mais que um calção
Então vinha o sol e secava para próxima chuva
Imensa e rápida no tempo e no espaço
A chuva que a minha mãe desejava que fosse na terra dela….

Foi assim a minha infância e a minha mágoa
Um alto e baixo interminável, até na chuva
Recebia e era molhado por uma que devia
Ter caído numa terra muito distante
A terra que aprendi a conhecer e a viver
Desde menino, a minha terra que eu não conhecia
O estrangeiro chora quando vive na terra onde nasceu!   
  
João Furtado
Praia, 14 de Outubro de 2014